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21-01-2015 23:02

Tipos físicos do Género Homo

 

De todo o nosso corpo o que tem probabilidades de permanecer por milhares e talvez milhões de anos na Terra são os nossos ossos, que no conjunto formam o nosso esqueleto, e que são mais resistentes, são duros, são de composição mineral.

 

Dentre todos, os mais resistentes, são certamente o crâneo e os dentes, o primeiro por ser desenhado para proteger o nosso maior valor material, o cérebro, os dentes por serem concebidos para esmagar, cortar, triturar, mastigar e terem revestimento em esmalte.

 

Por vezes, são encontrados pedaços de outros ossos, nas pesquisas, especialmente pedaços de ossos de dedos ou das pernas.

 

Os ossos dão indicações muito importantes sobre muitas características e capacidades dos antigos Homo.

 

Vamos começar pelo crâneo e estudar comparativamente com o nosso:

 

O Homo sapiens tem um crâneo com queixo, face vertical, nariz saliente, olhos frontais pouco encovados, arcada supraorbital pouco saliente, e testa vertical, por trás da qual fica o cérebro.

O crâneo depois desenvolve-se em arco quase circular até fechar na parte de trás da cabeça.

A parte mais larga do crâneo é na parte lateral superior.

Sendo a maior parte dos alimentos preparados antes de ingeridos, as maxilas e respetiva musculatura são mais pequenas e ligeiras.

Em geral tem de utilizar as mãos para levar à boca e morder, tanto na alimentação como nas ações ofensivas e defensivas.

Como se sabe o Homo sapiens pode variar em altura, em média, entre 1,50m e 1,90m..

 

Os Homos neanderthalensis, erectus e outros apresentam crâneos com as seguintes diferenças:

sem queixo, face com dentes salientes projetando frontalmente, nariz com cavidade larga e pouco saliente, arcada supraorbital pronunciada, protegendo os olhos, testa fugidia ou quase inexistente.

O crâneo prolonga-se para trás, baixo e mais longo terminando numa saliência occipital de que não se sabe a função. O volume deste crâneo, 1200 a 1700cm3, variando com o tempo, é semelhante ou superior ao do Sapiens.

A parte mais larga do crâneo situa-se a meia altura, onde ancoram os fortes musculos da maxila inferior.

Os dentes têm função autónoma independente das mãos, ou seja podem morder e apreender, enquanto utilizam as mãos noutra atividade.

Muitos alimentos são consumidos tal como são encontrados, nas árvores e nas presas de caça.

 

Caixa toráxica mais volumosa e saliente, assegurando maior capacidade de esforço físico.

 

Os braços são mais compridos, os ossos são mais fortes induzindo musculatura mais desenvolvida. Dedos grandes e robustos.

Ossos da perna mais fortes e arqueados, ossos da tíbia e fíbula mais curtos.

Estes Homo teriam entre 1,30 a 1,65m de altura.

Ou seja, gente possante e resistente, mas de pouca velocidade.

 

Com esta descrição só falta resumir, fortes, brutos e estúpidos.

Mas esta ultima característica é deduzida da testa curta e ao que se sabe nunca desenvolveram sociedades ou grupos sociais mais elaborados que tribos ou mesmo aldeias.

 

 

Sabe-se que estes Homo viveram em períodos de glaciações que gelaram toda a Europa e Ásia variando entre o paralelos da Europa Central /Norte e o dos Pirinéus, e supõe-se que teriam uma camada muito forte de gordura sob a pele.

 

A pele deveria ser resistente e evntualmente mais espessa que a nossa e ter revestimento piloso bastante importante o que lhes permitia liberdade de movimentação em climas diversos, frios e quentes.

Em relação à cor da pele nada se sabe, há várias hipóteses mas não se podem verificar.

 

Fernando Xavier

 

03 Junho 2014

 

04-11-2014 22:15

 

 

O planeta Terra terá tido a sua origem há cerca de 4,6 biliões de anos.

Um numero que não é fácil imaginar, mas sabemos que contem 8 zeros.

 

O que aconteceu nos 4 biliões de anos iniciais são matéria do tema Universo, que iremos abordar em breve, mas que não tem impacto neste artigo, exceto o facto de sabermos que a Terra foi neste período severamente bombardeada por corpos vários, da designação geral de planitésimos, ou seja cometas, asteróides, e outros corpos maiores e até da grandeza da Lua ou de Marte.

 

O existência da atmosfera da Terra contribui para amenizar em grande escala a quantidade de corpos sólidos do espaço cósmico que atingem a superfície do planeta, pois grande parte destes pequenos corpos são desintegrados e consumidos no choque com a nossa atmosfera.

O que chega à superfície do planeta, todos os dias, são quilos de poeiras ou pequenos pedaços de rochas, que geralmente caem nos oceanos ou em menor quantidade nos continentes , mas sem consequência especiais.

 

A Terra “bola de neve” seria a primeira catástrofe ambiental conhecida ou teorizada, entre 790 e 630 milhões de anos, e teria sido uma glaciação global e prolongada.

Na altura a vida na Terra era representada maioritáriamente por organismos unicelulares, que teriam iniciado existência aos 4 biliões de anos.

A partir deste evento, existem fósseis de organismos multicelulares, embora se considere que tenham iniciado existência há 1,7 biliões de anos.

 

A segunda catástrofe, que se teoriza devida a uma glaciação, foi há 480 milhões de anos, levando a extinção de animais da época, marinhos, e redução drástica das variedades de trilobites (fundo dos oceanos), que teriam surgido há 540 milhões de anos na conhecida explosão de vida e de variedades multiceculares na Terra.

 

A terceira catástrofe foi há 250 milhões de anos e é considerada a mais grave de todas as conhecidas, levando à extinção de 95% dos animais nos oceanos e 70% nos continentes, por razões desconhecidas, eventualmente originada por atividade vulcânica.

As trilobites foram extintas neste evento.

Na época que se segue já existem lagartos terrestres grandes, da linhagem dominante dos sinapsides, que vieram a dar origem aos mamíferos atuais, e lagartos terrestres e marítimos mais pequenos e da linhagem (clades) dos diapsides que vieram a dar origem aos dinossauros.

 

A quarta catástrofe foi há 200 milhões de anos e bastante grave e deu início ao período de apogeu dos dinossauros, também eventualmente por causas vulcânicas ou impacto de asteróide.

O início do domínio dos dinossauros (linhagem de diapsides) deu-se à custa da queda da linhagem dos sinapsides anteriormente dominante, e de que descendemos, mamíferos, linhagem iniciada há 225 milhões de anos.

Os dinossauros dominaram a Terra por mais de 100 milhões de anos.

 

Há cerca de 65,5 milhões de anos terá ocorrido uma importante colisão de um asteróide com a Terra, colisão conhecida com K-T (Cretáceo/Terciário) ou K-Pg (Cretáceo/Peleogéneo) e que provocou a extinção da maior parte da vida na Terra, especialmente os dinossauros.

O desaparecimento dos dinossauros sempre foi uma questão sem explicação até que se descobriram indícios do impacto K-Pg na península de Iucatão no México por um meteoro com mais de 10 km de diâmetro.

No entanto, sendo a teoria do impacto do meteoro a mais aceite, não deixa de haver outras teorias especialmente a de vulcanismo excessivo que poderia ter ocorrido na época.

 

No que respeita a esta época dos dinossauros interessa salientar que a temperatura ambiente média do ar era de cerca de 26ºC a 24ºC, que podemos comparar com a nossa temperatura média atual de 14ºC.

Os dinossauros viveram num ambiente quentíssimo.

Desde essa altura, registamos uma subida na temperatura média até 28ºC aos 55 milhões de anos e a partir daí a temperatura média do planeta vem descendo gradualmente, com uma diminuição muito rápida até aos 35 milhões de anos e 16ºC, e depois com ciclos até aos atuais 14ºC.

 

O impacto K-Pg (K-T) na prática terminou o mundo dos dinossauros (diapsides) e iniciou um novo ciclo com o mundo dos mamíferos (sinapsides), a partir de pequenos roedores sobreviventes ao impacto e que atinge a seu auge com os humanos atuais.

Da linhagem direta dos dinossauros permanecem na Terra os pássaros.

 

Saí um pouco da linha principal do texto, mas já agora podemos imaginar que como se calcula que a Terra sofra um impacto importante de asteróide a cada 100 milhões de anos, e um impacto menor a cada 10.000 anos, e que o ultimo grande impacto foi há 65 milhões de anos, é possivel que os papéis possam vir a trocar de novo, e poderíamos passar para o grupo secundário, e os habitantes da Terra que vão explorar as estrelas serão descendentes dos dinossauros, através dos pássaros e crocodilos ou outros lagartos. Em vez de dentes terão um tipo modernizado de bico, em vez de maternidades terão salas ou chocadeiras de ovos.

 

Sobre as glaciações e as eras glaciais mais recentes, escrevemos no artigo anterior.

 

A ultima grande catástrofe para a vida na Terra foi Homo sapiens que chegou há 300 mil anos e cujo impacto é bem perceptivel.

 

O que podemos concluir deste artigo é bastante linear, tudo pode acontecer, e embora possamos ter alguma influência no futuro ambiental da Terra, a probabilidade de acontecimentos extraordinários e com implicações decisivas é importante.

 

Fernando Xavier

 

12 Outubro 2014

29-10-2014 21:55

Quando era miudo vivia em Moçambique com os meus pais e irmãos, e faziamos de carro bastantes viagens principalmente entre Xai-Xai e Lourenço Marques (Maputo) e depois numa segunda fase entre Nampula e Nacala / Ilha de Moçambique.

As estradas eram em terra e uma viagem de 200 km podia levar 5 a 6 ou mais horas, e considerando as estações do ano, no Verão, época de chuvas e monções, saímos sempre muito cedo para evitar o calor do meio-dia. À volta era ao contrário saíamos à tarde e chegavamos ao fim da tarde ou noite.

 

As viagens eram sempre muito animadas, aconteciam muitas coisas, furavam pneus, avariava qualquer coisa no carro, vidros cheios de pó tinham que se lavar, parávamos para refrescar e descansar, etc.

 

A paisagem era de savana, muito mato, árvores disseminadas, e vistas largas e longas.

Uma das principais atrações e animações das viagens eram os animais que víamos, muitas vezes na estrada, perto desta e também a alguma distância.

 

Havia sempre avestruzes, gazelas, impalas, gnus, hienas, raposas, coelhos, galinhas do mato, perdizes, zebras, girafas, e também leões, elefantes, bufalos, e crocodilos e hipopótamos nos rios.

Os crocodilos e hipopótamos eram no rio Limpopo, e no Incomáti, e no Monapo, principalmente, e eram paragens obrigatórias.

Com o passar do tempo, liceu em LM, perdi um pouco este contacto com o mato, mas voltei mais tarde, alguns anos, e passei em todos estes sítios.

 

As avestruzes, nunca mais as vi, desapareceram totalmente.

As perdizes, galinhas do mato, raposas, coelhos, ainda se viam em viagem, mas todos os outros desapareceam de vista.

Os crocodilos e hipopótamos desapareceram dos locais onde os via nos rios.

Os elefantes e bufalos, leões e espécies de maior porte, para os ver tive que passar na reserva do Maputo e na Gorongosa e no rio Zambeze, zona de Inhamitanga e Marromeu, zonas muito pouco povoadas e afastadas.

 

Ou seja, em pouco mais de 10 anos, os Homo sapiens eliminaram a fauna selvagem de um território muito vasto. Mas a exterminação foi sempre seletiva, primeiro os mais perigosos, e que também introduziam uma componente de adrenalina, e depois os outros, escapando a esta regra os pequenos, furtivos e os que se amansavam.

A propósito de amansar, como mencionei no ultimo artigo, referente à Megafauna, os ascendentes das nossas ovelhas atuais eram mamíferos ferozes maiores que os lobos, carnívoros e predadores perigosos, mas face aos Homo sapiens rápidamente perceberam que não tinham hipóteses e optaram por amansar, perderam os dentes de carnívoros, ficaram mais pequenos e vestiram a pele de ovelhas e foram domesticados e com esta opção salvaram a espécie.

 

Outra questão que me preocupou durante anos, foram as ossadas, esqueletos de elefantes que vi várias vezes em miudo em alguns locais, e em grande numero.

Sempre achei estranho como estavam tantos ossos juntos num local.

Perguntei e sempre me disseram que os elefantes gostavam de morrer todos no mesmo local, tinham cemitérios.

Bastantes vezes pensei no assunto e imaginei um elefante moribundo, a arrastar-se pelo mato para ir morrer no seu cemitério.

Só mais tarde percebi que se tratava de cemitérios, é verdade, mas escolhidos pelo Homo sapiens.

E nunca lá tinha visto as presas dos elefantes.

 

Quando vivia no Xai-Xai, íamos muitas vezes à praia que ficava a 10km da vila, localizada junto do rio Limpopo.

A praia era muito perigosa porque havia tubarões e todos os anos alguém morria ou perdia uma perna por ataque de tubarões, a poucos metros da areia. Especialmente os turistas sul-africanos que se aventuravam mais.

Foi iniciada uma guerra aos tubarões, com iscos envenenados, explosivos, pesca da praia, pesca de barco, mas não foi possivel terminar com os tubarões, ou porque havia muitos ou vinham outros.

As autoridades acabaram por montar uma rede dentro de água, talvez 500m, e só se devia nadar dentro da rede.

Mas sempre acontecia qualquer coisa, os tubarões entravam na rede, por cima ou por baixo e voltava tudo ao mesmo.

Lembro-me, na minha mentalidade de miudo sapiens, de pensar várias vezes neste problema e de como seria possível acabar com os tubarões. Quem sai aos seus não degenera.

Claro que esta ideia ocorreu a muitas pessoas pelo mundo fora, e foi instaurada uma caça ao tubarão, guerra não oficial mas muito ativa, de tal maneira que entraram em vias de extinção, deixaram de atacar os sapiens.

Ainda há cera de 1 mês, na Austrália ocidental uma pessoa morreu por ataque de tubarão, e foi reiniciada a caça localmente, prontamente denunciada pelas associações de defesa das espécies e a caça foi suspensa.

 

O que acontece a um cão que morde a um sapiens?
É imediatamente abatido.

 

Fernando Xavier

10 Outubro 2014

 

28-10-2014 21:32

 

As glaciações são períodos da história da Terra em que a temperatura global baixou e aumentaram as camadas de gelo e glaciares nas calotes polares e nos continentes, especialmente nortes de Europa, Ásia e América e sul da América do Sul.

 

As dimensões das camadas de gelo variaram, nas glaciações conhecidas, chegando a cobrir 100% do globo, há 700 milhões de anos, “Terra bola de neve”, e mais recentemente, há 100 mil anos, 30% dos continentes e oceanos. Atualmente os gelos polares e continentais cobrem até 10% da superfície da Terra.

Considera-se que teria havido espessuras de 3.000 metros de gelo nos continentes, o que significou uma diminuição do nível dos oceanos de cerca de 90 metros nos períodos mais graves das glaciações.

 

As ultimas glaciações conhecidas foram há cerca de 2 milhões de anos, 700 mil anos,500 mil anos, 300 mil anos e 100 mil anos. Estas glaciações têm vários nomes de acordo com quem as estudou.

Uma hipótese seria 90.000 anos de glaciação seguidos de 10.000 de aquecimento global, e um ciclo de 200.000 anos, ou seja períodos intermédios amenos, como a nossa época atual.

 

A ultima glaciação terminou há cerca de 10.000 anos, na Europa e Ásia, continentes na altura já habitados pelos humanos.

Embora haja opiniões que não teria terminado, e só terminaria quando desaparecerem as calotes polares.

 

Entre os ciclos principais, ocorreriam ciclos menores, e menos extremos em temperatura.

A Pequena Era Glacial, ocorreu entre os sec XVI e XIX, e nos anos 1650, 1770, 1850 ocorreram alguns mínimos de temperatura conhecidos, em média -1ºC que a temperatura média do ano de 1950, que tiveram consequências, e sabe-se que levaram a saída dos Viking do Gronelandia, e diminuição importante das populações na Islandia e norte da Europa. O nome Gronelândia, aportuguesado do original Viking, em ingês Greenland, quer dizer terra verde.

O rio Tamisa, em Londres, gelava e existem pinturas da época mostrando as pessoas a patinar. Os canais holandeses gelavam. O mesmo em Nova Iorque, entre a ilha de Manhattan e a ilha de Staten. Mais a norte a situação seria mais complicada.

As causas destas idades do gelo não são suficentemente compreendidas, mas podemos mencionar como fatores intervenientes, as variações da órbita terrestre em volta do Sol, as variações da inclinação do eixo terrestre, as variações do campo magnético da terra, que inverte ciclicamente, as variações da intensidade da atividade solar, as variações da atividade vulcânica que podem alterar a composição atmosférica.

Na Idade Média, considera-se que a temperatura média era cerca de 0,5ºC superior à do ano de 1950, e sabe-se que foram tempos muito confortáveis e pelo menos muito mais que os anos da Pequena Era Glacial em que a vida das pessoas terá sido muito sofrida.

 

Últimamente, a atividade humana tem substituído ou acrescentado ao fator vulcanismo.

A quantidade de CO2 na atmosfera era medida como 280 ppm (partes por milhão) antes da utilização dos combustiveis fósseis e está atualmente a chegar aos 400 ppm, por ação humana.

Prevê-se que a cada duplicação da quantidade de CO2 na atmosfera a temperatura média suba 1 grau centígrado, pelo menos nas 2 primeiras duplicações e depois a situação estagnaria.

Mas trata-se de estudos pouco fundamentados e sujeitos a correções.

 

Em relação ao movimento das placas tectónicas no planeta também não há estudos, nem sequer se percebe bem o funcionamento deste fenómeno.

 

O movimento de rotação do Sol na galáxia pode eventualmente contribuir para estas variações no clima, mas não está mínimamente estudado.

O Sol desde há milhões de anos tem vindo a aquecer, ou seja, depois de estabilizado, a partir da sua formação, nunca esteve tão quente como atualmente.

 

No que respeita à contribuição, negativa, da humanidade, e a partir da revolução industrial, para alterações na composição da atmosfera, que poderiam levar a uma nova glaciação ou a um novo aquecimento global, podemos fazer bastante para corrigir, a nível de países e organizações internacionais.

 

No que respeita às restantes contribuições mencionadas acima, certamente muito intensas, nada podemos fazer, a não ser esperar que passem e procurar soluções tecnológicas para amenizar as consequências.

 

Estudos mais concretos sobre o passado da Terra, estão a ser realizados, embora iniciados há poucos anos, pela extração de amostras em profundidade dos gelos do Ártico e especialmente da Antártida, chegando a vários milhares de metros de profundidade. É um tipo de estratigrafia do gelo.

 

Também foram iniciados estudos das variações e movimentações das massas de gelos polares e continentais com medições realizadas a partir de satélites especializados e dedicados.

 

Fernando Xavier

11 Junho 2014

18-10-2014 23:11

Alterações Climáticas em avaliação

Embora não tenha pretenções a adivinhar o futuro, há certas evoluções na descoberta humana que temos alguma ideia de como vão progredir.

 

A dialética foi introduzida por pensadores gregos, refletida por Aristóteles, considerada como um erro de lógica por Kant, tratada como um processo natural de superação das contradições por Hegel, e depois adoptada por Marx e Engels, e podemos referir, de modo simples e curto, que a evolução parece que vai totalmente para a esquerda, depois parece que o melhor é ir totalmente à direita mas afinal o melhor caminho é o do centro, mas estas fases sequenciais são mais ou menos inevitáveis.

 

Um parentesis para salientar que a intervenção de Marx e Engels e a incorporação da dialética materialista na filosofia comunista de vida, conduziu a uma conotação muito direcionada e ligada à sociedade material da noção filosófica de dialética.

 

O que descrevi no primeiro artigo sobre as alterações climáticas, é exactamente uma descrição do processo dialético da compreensão do fenómeno.

 

A primeira fase, relacionada com o arrefecimento global, percebe-se perfeitamente que se trata de generalização de um fenómeno natural local, mal estudado, com muito pouca informação de dados reais, que deveriam ser baseados em medições realizadas ao longo de alguns anos que permitissem retirar propostas de conclusões ou de aproximações tendenciais.

 

A segunda fase, relacionada com o aquecimento global, foi a repetição da primeira a partir de um ponto de vista oposto.

O conceito de arrefecimento global, parte das alterações naturais e sua influência nos fenómenos climáticos, o de aquecimento global parte da influência da humanidade e do funcionamento da sociedade, desaparecendo totalmente a componente de alterações naturais.

 

A evolução prevista nos dois casos não se verificou, a água doce dos glaciares da Gronelandia e calote polar norte que tem chegado ao oceano não trouxeram as consequências projetadas na hipótese de arrefecimento global, e as projeções de aumentos de gases na atmosfera e aumentos de temperatura do ar e do nível do mar simplesmente não se verificaram nem dão indícios de se vir a verificar. Medições recentes indicam que a temperatura do ar não sofre alteração desde 1950 e mesmo de antes desta data, embora alguns indicadores pareçam apontar para um aumento da temperatura média da Terra de cerca de 0,7ºC desde 1970, com base em medições da evolução da temperatura do solo, que se percebe são de medição extremamente difícil.

Foram assim iniciadas investigações mais detalhadas a estes fenómenos e foram desencadeados uma série de processos de medições reais de evolução, especialmente no que respeita aos gelos terrestres e às calotas de gelos polares e às concentrações de gases na atmosfera e sua evolução tanto no período de influência humana, a partir de 1950, como anteriormente, de influência natural, e a temperatura do ar nas suas várias camadas atmosféricas.

 

Mas um grupo de variáveis relativamente reduzido, vai-se transformando rápidamente numa grande quantidade de variáveis em que não se tinha sequer começado a pensar.

Será necessário considerar a criação de modelos de simulação dinâmica, gradualmente mais complexos, para avaliar estes fenómenos.

O modelo base, bastante simples, que deu início ao conceito de aquecimento global, considera o Sol como um disco com um determinado diâmetro, voltado para a Terra, com uma emissão de radiação de referência, considera a distância média Sol-Terra, não considera a variação da órbita, considera a Terra como um disco com determinado diâmetro, não considera a atmosfera no seu papel de filtro em relação às radiações incidentes, e considera um albedo tipo para a Terra.

Deste modelo resulta uma equação para a energia incidente que seria diretamente proporcional ao quadrado do raio da estrela. Mais estrela, mais radiação, parece razoável, mas talvez não.

Modelos mais recentes começam a avaliar muito melhor muitos fatores reais.

 

As variáveis globais que interessa saber medir e comparar com valores anteriores e futuros são inicialmente duas:

  • a quantidade de radiação recebida pela Terra a partir do Sol.

  • a quantidade de radiação reemitida pela Terra para o espaço.

Para que a temperatura da Terra permaneça mais ou menos constante, estas quantidades devem ser equivalentes.

Para avaliar a primeira radiação, será necessário avaliar e saber medir:

  • a radiação emitida pelo Sol que chega ao exterior da atmosfera da Terra, função do tempo, da atividade solar, da distância Sol-Terra, do campo magnético da Terra, da órbita da Terra, da forma esférica da Terra e de vários outros fatores menores

  • a opacidade da atmosfera da Terra nas suas várias camadas, a estas radiações

 

Para avaliar a radiação reemitida pela Terra, principalmente na faixa do infravermelho, é necessário saber avaliar e medir:

  • o albedo da Terra, que é considerado como 0,367, ou seja absorvendo 63% da radiação incidente, mas que deve ser um fator dinâmico e que é função de:

  • a capacidade de absorção dos oceanos e mares, considerando profundidades e densidades

  • a capacidade de absorção da flora terrestre de acordo com os vários tipos de ocupação e densidade horizontal e vertical

  • a capacidade de absorção de outras superfícies terrestres como desertos, montanhas e áreas de gelo

  • a capacidade de absorção de construções humanas, edifícios, estradas, barragens, etc, embora este fator possa ser considerado menor

 

O terceiro fator a considerar é a emissão de gases de efeito de estufa, CO2, CH4 e vapor de H2O, CFCs e outros, essencialmente pela atividade humana, pelos animais, especialmente herbívoros, fogos, e vulcanismo.

Estas emissões terão que ser medidas e calculadas.

E também o papel desempenhado por estes gases, nas situações reais.

 

Depois será ainda necessário medir e calcular a quantidade destes gases reabsorvida pelos oceanos, florestas, desertos, montanhas, áreas de gelos e construções humanas e o efeito dos fenómenos climáticos na sua concentração ou dissipação.

 

O papel das nuvens nesta área está ainda por estudar, mas as primeiras indicações apontam no sentido de que contribuem maioritáriamente para resfriar o clima, especialmente as dos tipos stratus e cumulus, localizadas a altitudes mais baixas, entre 0 e 4 km.

 

Podemos, com base no enunciado no início do artigo, considerar que o primeiro fator, radiação solar que chega à superfície do planeta, está certamente sobreavaliado, mas que é função do tempo, na escala cósmica, e depende de fatores externos ao nosso controle, e que o conjunto dos outros fatores de absorção deverá estar sub-avaliado.

 

Os fatores que são de responsabilidade da atividade humana podem ser geridos e dimensionados de acordo com os resultados de equilíbrio pretendidos quando possível, por uma humanidade responsável e com meios de organização globais e capacidade de projetar o seu futuro.

 

Fernando Xavier

18 Outubro 2014

 

13-10-2014 17:29

Alterações Climáticas / 1 / Arrefecimento Global, Aquecimento Global, Alterações Climáticas

 

O arrefecimento global, fenómeno ambiental que deveria afetar o mundo e especialmente o hemisferio norte começou a ser mencionado a partir de 2001, com base em estudos anteriores sobre as correntes oceânicas especialmente as de profundidade.

 

Foi identificada uma corrente submarina quente no oceano Atlântico norte, que vindo da região do Golfo do México, atravessa o Atlântico, e atinge a costa ocidental da Europa, que afeta equilibrando ambientalmente.

 

Com a variação da densidade esta corrente perderia profundidade, velocidade, volume, e temperatura.

 

Uma simulação previa uma glaciação em período relativamente curto, e que toda a Europa do norte e até aos Pirenéus ficaria sob uma camada de gelo de dezenas de metros e seria inabitável.

 

Após uma fase de sensação, de preocupação, algum descrédito, contra-opiniões, estudos mais profundos, a ameaça de glaciação global deu origem a um novo conceito de Aquecimento Global, divulgado a partir de 2005.

 

O impacto deste conceito foi muito mais público, mais global, mais ameaçador, mais sensacional, e tem origens diferentes e mais generalistas.

 

Desta vez a ameaça vem da atmosfera, que absorve todas as emissões de gases de efeito de estufa produzidos pela nossa civilização, que são o dióxido de carbono CO2, o metano CH4, e vapor de

água e também gases industriais, e outros.

 

O efeito de estufa, pode-se caracterizar pelo sequinte:

Existindo um aumento de concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera, e considerando a emissão de radiação solar que atinge a Terra, uma parte desta é normalmente refletida sob a forma de radiação infravermelha de volta para o espaço.

Esta radiação refletida, é impedida de sair da atmosfera terrestre, para o espaço exterior, pela concentração de gases de efeito de estufa.

 

Os estudos levaram a considerar a possibilidade de um aquecimento global com consequências como seria o desaparecimento das calotes polares, e o desaparecimento do gelo terrestre com aumento do nível do oceanos em vários metros, e outros fenómenos que se repetiriam e acrescentariam em cadeia.

 

O fenómeno da corrente do Golfo que iniciaria uma arrefecimento global, estranhamente, foi considerado um caso especial, e admite-se que seria uma exceção na teoria global.

 

O nível de publicitação deste fenómeno foi de tal ordem que passou de hipótese académica a facto incontestável em poucos meses, no conhecimento publico.

 

Passados alguns anos, cá temos uma realidade mais equilibrada e menos definida, menos compreendida, com consequências menos certas. E muito menos mediatizada e menos dramatizada.

 

Trata-se das Alterações Climáticas.

 

O conceito de alterações climáticas significa que, na nossa escala de tempo, não sabemos se a Terra está a arrefecer ou está a aquecer, e que fenómenos climáticos naturais não previstos acontecem todos os dias e com intensidades não previstas. E não sabemos que parte destas alterações são naturais e que parte são da responsabilidade humana.

 

Mas sabemos que o globo terrestre apresenta uma inclinação variável em relação ao eixo vertical e que roda em volta do Sol, órbita elíptica influenciada pelos outros planetas, e estes fatores são os responsáveis pelas 4 estações do ano, que podem variar muito.

A atividade solar também varia significativamente no tempo.

 

Existe uma proposta de variações climáticas cíclicas, conhecida como ciclos de Milankovich, 1930, com base no acima mencionado, e que está a ser reavaliada pelos cientistas que se dedicam a esta área.

 

 

Fernando Xavier

 

25 Maio 2014

 

 
 

 

08-10-2014 18:40

Homo sapiens e a Megafauna

 

O homem moderno, Homo sapiens, na sua versão mais pré-histórica, evoluiu em África, central-leste, há cerca de 300.000 anos, e passou a expandir-se pelos outros continentes a partir de há 70.000 anos, incluindo Austrália e Américas.

 

Uma limitação às suas deslocações era a glaciação que gelava o norte e centro da Europa, Ásia e América, até aos Pirinéus, Himalais, e América Central.

 

Em todos os locais onde chegou existia vida animal, quadrúpede e bípede, estes últimos representados pelos Homo neanderthalensis e Homo erectus e algumas outras sub-espécies.

Estes humanos eram considerados com crâneo e cérebro maiores que os nossos e mais fortes físicamente, nos ossos e musculatura, mas mais baixos e menos hábeis.

 

Dentre os quadrúpedes, os maiores são designados como Megafauna, e podemos salientar os Mamutes(4-5m, 15 a 20 ton), os Mastodontes (3m, 7 ton), a Preguiça-gigante( 2m/4m, 4 ton), o Urso das cavernas (2,2m/4m 1,5 ton), Tigre Dentes de Sabre (400 kg), Zebra gigante, o Búfalo gigante, Hipopótamo europeu , Alce gigante, Hiena gigante, Facócero gigante, Lobos gigantes (120kg). Um animal curioso destes tempos era a ovelha que seria do tamanho de um lobo grande e carnívoro, donde a imagem de lobo em pele de ovelha da Bíblia.

Havia muitas outras espécies e também outras de menor porte.

Uma característica comum a todos eles, bípedes e quadrúpedes, seria a capacidade física de defesa e ataque ou seja deviam ser todos bastante perigosos em situação extrema.

 

Outro facto comum, desapareceram todos, aproximadamente há 10.000 anos, ou entre os 20.000 e os 10.000 anos.

 

Quando procuramos explicação para um acontecimento invulgar, a primeira regra é saber o que aconteceu na mesma altura, algo diferente.

 

E o que aconteceu é simples – chegou o Homo sapiens.

 

Há quem pretenda justificar este desaparecimento por alterações climáticas, meios de alimentação, catástrofes, mas nada aconteceu de dramático nestas esferas.

Pelo contrário as espécies vegetais que seriam a base da sua alimentação ainda hoje existem, quantidades muito diminuídas pela nossa ação, tanto pela desmatação pelo fogo posto, para facilitar a penetração, como pela ocupação dos terrenos para agricultura, e para sedentarização, considerando o aumento explosivo da população.

Por outro lado, considera-se que há 10.000 anos terminou a utlima glaciação, ou seja, aumentaram muito os territórios disponíveis e aumentaram os recursos alimentares para suportar os herbívoros e estes para suportar os carnívoros.

Em alguns casos, a extinção destas espécies pode difícilmente ser explicada pela competição direta, alimentar ou territorial, com o Homo sapiens, como o caso dos outros Homo, o urso das cavernas, e eventualmente algumas espécies de lobos e pouco mais.

 

Quem quiser ampliar esta lista, basta pesquisar os animais extintos pré-históricos, históricos e os em via de extinção.

Nos nossos dias a Europa, Ásia e América do Norte, e Austrália, podem ser considerados continentes “livres” de animais selvagens de algum porte. A América do Sul e África vão a caminho deste futuro comum.

 

Neste aspeto, a ultima fronteira são os oceanos.

 

As baleias, os tubarões, os golfinhos, já estiveram em situação muito delicada, em vias de extinção. E atualmente outras espécies, como o atum, peixe espada, e muitos outros estão na mesma situação, extinção eminente.

Destes só o atum tem sido capturado para fins alimentares.

 

Todos sabemos a guerra que foi movida aos tubarões, porque atacaram bastantes humanos, e que só terá sido suspensa há pouco tempo, a tempo de impedir a extinção.

 

O nosso comportamento em relação às outras espécies é de aniquilar se for ameaçador ou diferente, submeter se for dócil, tolerar se tiver que ser até se tornar possível uma das primeiras.

 

Ao nível da Flora a situação foi e é muito parecida.

 

Quando chegarem os ET a esta nossa Terra eles que se cuidem.

 

Fernando Xavier

11 Junho 2014

 

08-10-2014 18:15

Género Homo na Terra

 

A vida biológica complexa existe na Terra há pelo menos 450 milhões de anos (MA) nos oceanos e nos continentes há cerca de 300 MA e sabemos que a Ordem dos Primatas deverá ter surgido há cerca de 15 a 20MA.

 

A linha inicial de evolução dos Primatas é duvidosa, mas a partir de há 7 MA considera-se o Género Sahelanthropus e Espécie tchadensis (1 parte de crâneo-Chade) cérebro 380cm3, como o primeiro hominideo e depois há 6 MA o Género Orrorin Espécie tugenensis (partes de ossos-Quénia), que seriam bípedes. O Género Ardipithecus seria o sucessor deste ultimos e teria as Espécies kadabba, 5,2 a 3,8 MA, e kaddaba ramidus, 4 a 3,8 MA (ambos pedaços de ossos).

 

A partir de 4 MA entramos numa era mais conhecida que inicia a subtribo australopitecina (tribo Hominini) que se refere aos Géneros Australopithecus e Paranthropus os primeiros considerados “gráceis” e os segundos “robustos”.

 

O Género Australophitecus inclui as espécies afarensis (Lucy, 3,2 MA,380-430cm3), africanus, anamensis, bahelghazali , garhi e sediba (2 MA, 420cm3, 1,3m) entre 4 e 2 MA e o Género Paranthropus inclui as Espécies robustus, boisei, aethiopicus, entre 3 e 1 MA, todos bípedes com algumas semelhanças entre si e tamanho (1,50m) e cérebro (550cm3) pequenos, ainda com aspeto muito macacóide, braços muito longos e fortes, pés com dedo grande em oposição, crâneo reforçado.

Estas espécies são considerados como vivendo em grupos com dezenas de indivíduos, sem território fixo, na fronteira entre savana e floresta, subindo bem às arvores, em movimentação constante, como os macacos atuais. A violencia entre elementos de um grupo seria natural, tanto para definir hierarquias sexuais e no grupo como para acesso a alimentação.

 

Há 2,5 MA apareceram os primeiros Primatas do Género Homo, o da Espécie habilis, até há 780.000 anos, utilizador de ferramentas com cérebro de 600 a 650cm3, 1,50 m de altura, caçador com braços compridos.

Uma variante era o Homo rudolfensis (700 a 800cm3, 1,60m).

 

Das espécies mais interessantes e imediatamente precursoras da nossa, Homo sapiens, temos o Homo erectus, que saiu de África há cerca de 2 mihões de anos e povoou a Europa e Ásia até há 50.000 anos, com cérebro de 800 a 1250cm3, considerado o primeiro a utilizar o fogo, com 1,50 a 1,70m de altura, embora apareçam outras subespécies até 1,90m de altura.

O seu crâneo ainda apresenta falta de queixo, dentes projetados para diante, arcada supra-ocular saliente, testa quase inexistente e crâneo baixo e prolongando para trás.

Teria uma organização social de pequenos grupos, já construía abrigos de pedra, e teria uma divisão de tarefas rudimentar.

O Homo erectus parece ter tido muitas sub-espécies, incluindo Homo floresiensis com 1 m de altura mas mais moderno e evoluído noutros aspetos, e uma evolução física e craniana muito extensa, e utilização de ferramentas de pedra e de madeira e eventualmente linguagem.

 

O ultimo exemplar de espécie Homo anterior ao sapiens, é o neanderthalensis, que terá habitado a Europa e Ásia Central desde 300.000 até cerca de 30.000 anos atrás, cérebro com 1200 a 1700cm3, atarracado, 1,65 m de altura, muito forte, geralmente superior ao erectus em todos os aspetos físicos e tecnológicos. Deve ter utilizado uma linguagem.

 

Uma derradeira evolução do neanderthal seria o homem de Cro-Magnon, crâneo muito semelhante ao do sapiens.

 

O Homo sapiens saiu de África há cerca de 70.000 anos e ocupou todos os continentes incluindo o Americano e o Australiano.

 

Tanto o Homo erectus como o neanderthalensis e o floresiensis (até há 10.000 anos) conviveram com o Homo sapiens, e não lhe sobreviveram.

Mas mantiveram relações sexuais e tiveram descendência.

 

Fernando Xavier

 

03 Junho 2014

 

08-10-2014 18:09

Homo sapiens e Genética

 

Há cerca de 4 anos passei nos EUA e especialmente em Washington, onde visitei vários museus do Smithsonian Institute.

 

Um deles mantinha uma exposição de longa duração e muito extensa. Sobre o tema das espécies e “raças” humanas, com muita informação histórica, estatística, um estudo muito completo.

 

Um dos estudos muito bem documentado e central na exposição, foi realizado alguns anos antes, e consistiu em escolher amostras amplas de individuos dos vários continentes, dos vários sub-continentes, das várias regiões da Terra, uma amostragem profissional, e entregar a cada indivíduo uma camisa T (T-shirt) de cor diferente para cada grupo.

 

Supondo 100 individuos da peninsula Ibérica, 100 camisolas amarelas, 100 da Europa ocidental central, 100 verdes, etc.

 

O objetivo do estudo consistia em estudar o DNA de cada indivíduo, criar uma base de dados, e reagrupar todos os indivíduos, mantendo as camisolas vestidas, de acordo com semelhanças de DNA.o que traduz origens genéticas.

 

O resultado, de modo gráfico e bem demonstrado, foi que, o que era originalmente um grupo de 100 camisas amarelas, passou a 100 individuos com camisas de todas as cores e o processo foi geral para todas as regiões.

 

Conclusão retirada do estudo: só existe uma espécie humana na Terra, com características e especificidades regionais ou sub-continentais, mas não existem “raças” na Terra.

 

Ou seja dos 100 indivíduos de pele branca clara, olhos azuis e cabelos loiros, alguns permaneceram no norte da Europa, outros foram parar a África, Ásia, América.

O mesmo para todos os outros grupos regionais.

 

Este estudo terminou, factualmente, com o racismo, nos seus vários graus.

 

Quem se interessa por genética sabe que existem várias empresas a nível global que estudam, contra pagamento, e através de amostra de saliva, o DNA de quem quiser saber as suas origens, e o resultado termina sempre da mesma maneira, por ex. 79,3% Médio Oriente e norte de África, dos quais 67,8 norte de África e 11,5% Médio Oriente e norte de África, 5,2% África sub-Saara, dos quais 3,6 % África Ocidental e 1,6% sub-Saara, 4,2% Europa, não definido, 3,4% Àsia do norte, 7,9% não definido.

Considera-se que existem 31 populações mundias ( não são raças) com DNA característico que as diferencia.

 

Não existe na nossa Terra uma única pessoa cujo resultado possa ser 100% Europa ou semelhante.

 

Mas, como é evidente, nada, no mundo natural ou no mundo humano, é perfeito.

 

O que quer dizer que algo não está certo, especialmente em relação à verdade absoluta que só existe uma espécie humana na Terra, o Homo sapiens.

 

O que fazer? Só existe uma hipótese, dúvida metódica e esperar, o tempo em princípio irá resolver esta questão.

 

E chegamos a 2013, ano passado, e alguns investigadores descobrem meios tecnológicos novos de mapear o DNA do homem neanderthalensis, e comparam com o nosso DNA, Homo sapiens.

Resultado, provávelmente esperado, mas surpresa para muitos, cerca de 4% (variável) do nosso DNA vem do Homem de neanderthal.

 

O que significa que houve inter-relacionamentos a nivel sexual entre estas 2 espécies e o atual Sapiens é um sapiens-neanderthal, pouco, mas é.

E sendo esta percentagem variável, pode-se pensar um pouco no assunto.

 

O processo de investigação continua, e já há algumas conclusões com sapiens asiáticos e Homo erectus, percentagem de cerca de 6% (variável).

 

De notar que o termo raça não é correto para classificar grupos de pessoas ou populações,  deve-se usar o termo população, povo, etnia, comunidade ou outro de acordo com a situação ou ambito.

 

 

Fernando Xavier

26 Maio 2014

 

08-10-2014 17:51

Homo                       

 

A nossa Terra foi sendo povoada por várias espécies de seres vivos mas a espécie que nela tem deixado uma marca importante é a nossa espécie, sapiens, do género Homo.

 

O género Homo divergiu, ou mutou, de outros géneros da ordem dos Primatas há pelo menos 2,5 milhões de anos, e isso aconteceu na África central leste, região dos grandes lagos.

 

Nessa altura e há cerca de 2 milhões de anos, o género Homo iniciou uma migração que o levou a povoar especialmente os continentes africano, europeu e asiático, supondo-se que não haveria nenhuma espécie bipede e inteligente nestes territórios.

 

Como as condições climáticas eram muito diferentes, e com o passar de centenas de milhares de anos, foram-se desenvolvendo espécies de Homo diferentes nestes territórios.

 

São conhecidas as espécies erectus, talvez a mais global, ocupando a Europa do sul, África, Ásia central e oriental, a espécie floresiensis, na ilha das Flores, a espécie neanderthalensis, que teria vivido em toda a Europa e médio oriente e ainda partes da Àsia ocidental, e outras.

 

Para descrever rápidamente estas espécies, podemos resumir, erectus, 1,50m a 1,70m, testa curta, mas com mais variação em altura e muitas sub-espécies, floresiensis, muito pequeno, com cerca de 1m, mas no restante similar aos outros, neanderthal, forte, robusto, cérebro maior que o nosso, um pouco mais baixo. Foram identificadas outras variantes, mas que foram sendo ou vão sendo reclassificadas nestas espécies e outras.

 

De todas estas espécies a de Homo erectus é considerada a que mais tempo sobreviveu na Terra, cerca de 1,7 milhões de anos, embora considerando muitas subespécies.

 

Há cerca de 300.000 anos surgiu, de novo em África, uma espécie nova, mais alta, mais ligeira físicamente, cérebro desenvolvido, com crâneo mais em altura que os anteriores- estes tinham crâneo sem testa e mais em profundidade, alongando para trás.

Esta nova espécie, Homo sapiens, somos nós, considerada a única espécie humana a viver atualmente na Terra.

Mas o Homo sapiens só a partir de há 70.000 anos saiu de África e foi-se multiplicando pelos continentes da Terra.

Uma questão interessante, o que aconteceu a estas outras espécies, que estavam todas vivas e ocupando pelo menos a África, Europa e Ásia? Viveram com os sapiens alguns anos, talvez 30.000 anos e depois desapareceram.

Como se sabe a vida é muito resiliente, é muito difícil de eliminar, a qualquer nível, animal, vegetal, microbiana, etc.

Uma exceção terão sido os dinossauros.

Outra exceção terão sido as outras espécies de Homo além dos sapiens.

Sabemos, ou pensamos, que os dinossauros foram eliminados por uma catástrofe, como a queda de um meteorito de grandes dimensões, há cerca de 65 milhões de anos.

O perigo que aniquilou estas outras espécies de Homo, foi outro, de caracter diferente mas igualmente letal.

É bastante difícil de dizer e aceitar mas se pensarmos um pouco, vamos considerar as qualidades e especificidades do Homo sapiens – inteligente, habilidoso, criativo, inventivo, competitivo, mas também, intolerante, invejoso, vingativo.

Quando pensamos nas qualidades, pensamos na evolução meteórica da sociedade, na tecnologia, na qualidade de vida.

 

Quando pensamos nos aspetos negativos, especialmente a intolerancia, pensamos nas guerras, extermínios, incluindo tentativas declaradas de eliminar um tipo de sapiens porque tem uma religião diferente, cor de pele diferente, pertence a uma ideia diferente.

 

Para pensar, mais uma questão:

Julgava-se que o sapiens e os outros Homo seriam genéticamente incompatíveis.

Não é verdade.

 

 

Fernando Xavier

 

25 Maio 2014

 

 

 

 

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