Alterações Climáticas / 3 / Glaciações no planeta Terra
As glaciações são períodos da história da Terra em que a temperatura global baixou e aumentaram as camadas de gelo e glaciares nas calotes polares e nos continentes, especialmente nortes de Europa, Ásia e América e sul da América do Sul.
As dimensões das camadas de gelo variaram, nas glaciações conhecidas, chegando a cobrir 100% do globo, há 700 milhões de anos, “Terra bola de neve”, e mais recentemente, há 100 mil anos, 30% dos continentes e oceanos. Atualmente os gelos polares e continentais cobrem até 10% da superfície da Terra.
Considera-se que teria havido espessuras de 3.000 metros de gelo nos continentes, o que significou uma diminuição do nível dos oceanos de cerca de 90 metros nos períodos mais graves das glaciações.
As ultimas glaciações conhecidas foram há cerca de 2 milhões de anos, 700 mil anos,500 mil anos, 300 mil anos e 100 mil anos. Estas glaciações têm vários nomes de acordo com quem as estudou.
Uma hipótese seria 90.000 anos de glaciação seguidos de 10.000 de aquecimento global, e um ciclo de 200.000 anos, ou seja períodos intermédios amenos, como a nossa época atual.
A ultima glaciação terminou há cerca de 10.000 anos, na Europa e Ásia, continentes na altura já habitados pelos humanos.
Embora haja opiniões que não teria terminado, e só terminaria quando desaparecerem as calotes polares.
Entre os ciclos principais, ocorreriam ciclos menores, e menos extremos em temperatura.
A Pequena Era Glacial, ocorreu entre os sec XVI e XIX, e nos anos 1650, 1770, 1850 ocorreram alguns mínimos de temperatura conhecidos, em média -1ºC que a temperatura média do ano de 1950, que tiveram consequências, e sabe-se que levaram a saída dos Viking do Gronelandia, e diminuição importante das populações na Islandia e norte da Europa. O nome Gronelândia, aportuguesado do original Viking, em ingês Greenland, quer dizer terra verde.
O rio Tamisa, em Londres, gelava e existem pinturas da época mostrando as pessoas a patinar. Os canais holandeses gelavam. O mesmo em Nova Iorque, entre a ilha de Manhattan e a ilha de Staten. Mais a norte a situação seria mais complicada.
As causas destas idades do gelo não são suficentemente compreendidas, mas podemos mencionar como fatores intervenientes, as variações da órbita terrestre em volta do Sol, as variações da inclinação do eixo terrestre, as variações do campo magnético da terra, que inverte ciclicamente, as variações da intensidade da atividade solar, as variações da atividade vulcânica que podem alterar a composição atmosférica.
Na Idade Média, considera-se que a temperatura média era cerca de 0,5ºC superior à do ano de 1950, e sabe-se que foram tempos muito confortáveis e pelo menos muito mais que os anos da Pequena Era Glacial em que a vida das pessoas terá sido muito sofrida.
Últimamente, a atividade humana tem substituído ou acrescentado ao fator vulcanismo.
A quantidade de CO2 na atmosfera era medida como 280 ppm (partes por milhão) antes da utilização dos combustiveis fósseis e está atualmente a chegar aos 400 ppm, por ação humana.
Prevê-se que a cada duplicação da quantidade de CO2 na atmosfera a temperatura média suba 1 grau centígrado, pelo menos nas 2 primeiras duplicações e depois a situação estagnaria.
Mas trata-se de estudos pouco fundamentados e sujeitos a correções.
Em relação ao movimento das placas tectónicas no planeta também não há estudos, nem sequer se percebe bem o funcionamento deste fenómeno.
O movimento de rotação do Sol na galáxia pode eventualmente contribuir para estas variações no clima, mas não está mínimamente estudado.
O Sol desde há milhões de anos tem vindo a aquecer, ou seja, depois de estabilizado, a partir da sua formação, nunca esteve tão quente como atualmente.
No que respeita à contribuição, negativa, da humanidade, e a partir da revolução industrial, para alterações na composição da atmosfera, que poderiam levar a uma nova glaciação ou a um novo aquecimento global, podemos fazer bastante para corrigir, a nível de países e organizações internacionais.
No que respeita às restantes contribuições mencionadas acima, certamente muito intensas, nada podemos fazer, a não ser esperar que passem e procurar soluções tecnológicas para amenizar as consequências.
Estudos mais concretos sobre o passado da Terra, estão a ser realizados, embora iniciados há poucos anos, pela extração de amostras em profundidade dos gelos do Ártico e especialmente da Antártida, chegando a vários milhares de metros de profundidade. É um tipo de estratigrafia do gelo.
Também foram iniciados estudos das variações e movimentações das massas de gelos polares e continentais com medições realizadas a partir de satélites especializados e dedicados.
Fernando Xavier
11 Junho 2014