Alterações Climáticas / 4 / Alterações Climáticas Catastróficas na História da Terra
O planeta Terra terá tido a sua origem há cerca de 4,6 biliões de anos.
Um numero que não é fácil imaginar, mas sabemos que contem 8 zeros.
O que aconteceu nos 4 biliões de anos iniciais são matéria do tema Universo, que iremos abordar em breve, mas que não tem impacto neste artigo, exceto o facto de sabermos que a Terra foi neste período severamente bombardeada por corpos vários, da designação geral de planitésimos, ou seja cometas, asteróides, e outros corpos maiores e até da grandeza da Lua ou de Marte.
O existência da atmosfera da Terra contribui para amenizar em grande escala a quantidade de corpos sólidos do espaço cósmico que atingem a superfície do planeta, pois grande parte destes pequenos corpos são desintegrados e consumidos no choque com a nossa atmosfera.
O que chega à superfície do planeta, todos os dias, são quilos de poeiras ou pequenos pedaços de rochas, que geralmente caem nos oceanos ou em menor quantidade nos continentes , mas sem consequência especiais.
A Terra “bola de neve” seria a primeira catástrofe ambiental conhecida ou teorizada, entre 790 e 630 milhões de anos, e teria sido uma glaciação global e prolongada.
Na altura a vida na Terra era representada maioritáriamente por organismos unicelulares, que teriam iniciado existência aos 4 biliões de anos.
A partir deste evento, existem fósseis de organismos multicelulares, embora se considere que tenham iniciado existência há 1,7 biliões de anos.
A segunda catástrofe, que se teoriza devida a uma glaciação, foi há 480 milhões de anos, levando a extinção de animais da época, marinhos, e redução drástica das variedades de trilobites (fundo dos oceanos), que teriam surgido há 540 milhões de anos na conhecida explosão de vida e de variedades multiceculares na Terra.
A terceira catástrofe foi há 250 milhões de anos e é considerada a mais grave de todas as conhecidas, levando à extinção de 95% dos animais nos oceanos e 70% nos continentes, por razões desconhecidas, eventualmente originada por atividade vulcânica.
As trilobites foram extintas neste evento.
Na época que se segue já existem lagartos terrestres grandes, da linhagem dominante dos sinapsides, que vieram a dar origem aos mamíferos atuais, e lagartos terrestres e marítimos mais pequenos e da linhagem (clades) dos diapsides que vieram a dar origem aos dinossauros.
A quarta catástrofe foi há 200 milhões de anos e bastante grave e deu início ao período de apogeu dos dinossauros, também eventualmente por causas vulcânicas ou impacto de asteróide.
O início do domínio dos dinossauros (linhagem de diapsides) deu-se à custa da queda da linhagem dos sinapsides anteriormente dominante, e de que descendemos, mamíferos, linhagem iniciada há 225 milhões de anos.
Os dinossauros dominaram a Terra por mais de 100 milhões de anos.
Há cerca de 65,5 milhões de anos terá ocorrido uma importante colisão de um asteróide com a Terra, colisão conhecida com K-T (Cretáceo/Terciário) ou K-Pg (Cretáceo/Peleogéneo) e que provocou a extinção da maior parte da vida na Terra, especialmente os dinossauros.
O desaparecimento dos dinossauros sempre foi uma questão sem explicação até que se descobriram indícios do impacto K-Pg na península de Iucatão no México por um meteoro com mais de 10 km de diâmetro.
No entanto, sendo a teoria do impacto do meteoro a mais aceite, não deixa de haver outras teorias especialmente a de vulcanismo excessivo que poderia ter ocorrido na época.
No que respeita a esta época dos dinossauros interessa salientar que a temperatura ambiente média do ar era de cerca de 26ºC a 24ºC, que podemos comparar com a nossa temperatura média atual de 14ºC.
Os dinossauros viveram num ambiente quentíssimo.
Desde essa altura, registamos uma subida na temperatura média até 28ºC aos 55 milhões de anos e a partir daí a temperatura média do planeta vem descendo gradualmente, com uma diminuição muito rápida até aos 35 milhões de anos e 16ºC, e depois com ciclos até aos atuais 14ºC.
O impacto K-Pg (K-T) na prática terminou o mundo dos dinossauros (diapsides) e iniciou um novo ciclo com o mundo dos mamíferos (sinapsides), a partir de pequenos roedores sobreviventes ao impacto e que atinge a seu auge com os humanos atuais.
Da linhagem direta dos dinossauros permanecem na Terra os pássaros.
Saí um pouco da linha principal do texto, mas já agora podemos imaginar que como se calcula que a Terra sofra um impacto importante de asteróide a cada 100 milhões de anos, e um impacto menor a cada 10.000 anos, e que o ultimo grande impacto foi há 65 milhões de anos, é possivel que os papéis possam vir a trocar de novo, e poderíamos passar para o grupo secundário, e os habitantes da Terra que vão explorar as estrelas serão descendentes dos dinossauros, através dos pássaros e crocodilos ou outros lagartos. Em vez de dentes terão um tipo modernizado de bico, em vez de maternidades terão salas ou chocadeiras de ovos.
Sobre as glaciações e as eras glaciais mais recentes, escrevemos no artigo anterior.
A ultima grande catástrofe para a vida na Terra foi Homo sapiens que chegou há 300 mil anos e cujo impacto é bem perceptivel.
O que podemos concluir deste artigo é bastante linear, tudo pode acontecer, e embora possamos ter alguma influência no futuro ambiental da Terra, a probabilidade de acontecimentos extraordinários e com implicações decisivas é importante.
Fernando Xavier
12 Outubro 2014